Segundo informações do Valor Econômico publicadas nesta segunda-feira, 06/01, a Associação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ) estima uma dívida de R$ 400 milhões da Unimed Ferj, que tem atrasado pagamentos a médicos, hospitais, laboratórios e clínicas. Considerando débitos anteriores herdados pela federação, o débito ultrapassa R$ 2 bilhões.
Desde o ano passado, a Unimed Ferj é a responsável pela carteira de clientes da Unimed-Rio, que já acumulava uma dívida de R$ 1,6 bilhão com hospitais, clínicas e laboratórios, que foi assumida pela federação e renegociada em 36 parcelas. No entanto, de acordo com Marcus Camargo Quintella, presidente da AHERJ, o débito total já ultrapassa R$ 2 bilhões. Ao Valor, ele destacou que os pagamentos são irregulares: em alguns meses, é quitada uma parte da dívida antiga, enquanto em outros, apenas os honorários atuais são pagos. Além disso, alguns estabelecimentos estão há quase um ano sem receber.
Segundo o Valor, a situação é preocupante: em apenas oito meses, a Ferj assumiu a carteira de 500 mil usuários da Unimed-Rio e obteve benefícios como parcelamento de dívidas, isenção de passivos fiscais e autorização para reajustar planos em 21,89%, índice bem acima do mercado. Ainda assim, os problemas financeiros continuam a se agravar.
Na última sexta-feira, médicos foram informados que receberiam apenas 35% dos honorários, sem previsão para quitar atrasos de novembro e dezembro. O cenário tem levado hospitais a romper contratos, como a Rede D’Or, que descredenciou oito unidades após a federação tentar remover garantias financeiras dos acordos, aumentando o receio de calotes.
A Rede Casa, principal parceira hospitalar da Ferj, acumula atrasos de R$ 70 milhões em oito meses, enquanto o passivo de R$ 100 milhões da Unimed-Rio levou 13 anos para ser gerado. Apesar de rumores sobre o fim do atendimento em hospitais como São Lucas Copacabana e Nossa Senhora do Carmo, ambas as unidades seguem operando e foram apontadas como alternativas aos descredenciamentos da Rede D’Or.
Além do cancelamento de contratos por hospitais, há também médicos deixando de atender clientes da Unimed Ferj, segundo o jornal. A equipe de obstetrícia e neonatologia da maternidade Egaz Moniz, no Rio, suspendeu os atendimentos nesta segunda-feira, cobrando o pagamento de dívidas. Embora a maternidade, pertencente à Rede Casa, mantenha o credenciamento, os médicos decidiram interromper os serviços até que as contas sejam regularizadas.
Unimed Ferj nega dívidas
Ao Valor, a Unimed Ferj negou possuir dívidas com hospitais e estabelecimentos de saúde, afirmando que podem ocorrer apenas atrasos pontuais. Sobre os honorários médicos, declarou que o atraso recente foi um evento isolado causado pelo fluxo de caixa de fim de ano.
A federação também destacou melhorias no valor das consultas dos cooperados e informou que já renegociou mais de 65% das dívidas herdadas da Unimed-Rio, com os acordos sendo cumpridos regularmente.
Fonte: CQCS