As operadoras de planos de saúde médico-hospitalares encerraram o primeiro trimestre deste ano com um Resultado Operacional (RO) positivo de R$ 1,9 bilhão, marcando o primeiro desempenho positivo para o período desde 2021.
Esse dado trouxe uma convergência inédita e positiva dos três principais indicadores econômico-financeiros do setor: Resultado Operacional (RO), Resultado Líquido (RL) e Resultado Financeiro (RF), algo que não ocorria desde 2020. Até então, pelo menos um dos três indicadores apresentou desempenho negativo no primeiro trimestre.
Os números constam no relatório “Análise econômico-financeira dos planos de assistência médica no Brasil (2018-2024): Impactos da pandemia e perspectivas de recuperação”, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
José Cechin, superintendente executivo do IESS, analisa:
“A Receita Operacional reflete todas as entradas e saídas das operadoras relacionadas especificamente ao negócio de plano de saúde, excluindo ganhos financeiros, como aplicações de Tesouraria. Obter um resultado operacional positivo é crucial para a sobrevivência e sustentabilidade de qualquer negócio, e o mesmo vale para uma operadora de plano de saúde.”
O RO representa a diferença entre receitas e despesas operacionais, após a dedução de despesas assistenciais, administrativas, comerciais e outras, excluindo ganhos financeiros. Em março de 2024, o RO do setor apresentou uma recuperação significativa em relação ao mesmo período de 2023, quando o resultado foi negativo em R$ 1,7 bilhão.
Após a crise econômica desencadeada pela pandemia de Covid-19 em 2020, este é o primeiro sinal de recuperação do sistema de saúde suplementar, segundo Cechin. O primeiro trimestre de 2024 registrou uma melhoria considerável no RO, que havia sido negativo em R$ 1,7 bilhão no mesmo período de 2023.
Desde 2022, o setor enfrentou um aumento na demanda por serviços de saúde, com a retomada de procedimentos suspensos durante a pandemia. Entre 2022 e 2023, o resultado operacional do setor deteriorou, com valores negativos de R$ 10,7 bilhões e R$ 5,9 bilhões, respectivamente.
Em contrapartida, os resultados financeiros melhoraram significativamente, impulsionados pelo aumento das taxas de juros, alcançando R$ 9,4 bilhões e R$ 11,2 bilhões, respectivamente. O resultado líquido foi negativo em R$ 529,8 milhões em 2022 e positivo em R$ 1,9 bilhão em 2023.
A Margem de Lucro Líquido (MLL), que representa a porcentagem do RL em relação ao total de receitas operacionais acumuladas no período, variou consideravelmente ao longo do tempo, oscilando entre -4,7% e 16,2% (início da pandemia). No primeiro trimestre de 2024, a MLL foi de 3,7%, refletindo uma melhoria gradual nas margens das operadoras médico-hospitalares.
O estudo, realizado a partir de dados da base da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), destaca que os primeiros sinais de recuperação são resultado de diversas iniciativas das operadoras, como renegociações de contratos com fornecedores e prestadores de serviços, ganhos de eficiência administrativa por meio de tecnologias e melhorias de processos, combate ao desperdício e reorientação assistencial focada na promoção da saúde, cuidados preventivos e gestão de saúde de portadores de doenças crônicas.
Essas iniciativas também resultaram em uma melhora na sinistralidade, um indicador importante. A proporção das receitas destinadas às despesas assistenciais caiu de 91,7% no segundo trimestre de 2022 para 82,5% no primeiro trimestre de 2024, dentro da média histórica.
“Observa-se uma tendência de redução da sinistralidade em todos os períodos, indicando uma possível recuperação econômica e financeira do setor, com a ressalva de que o primeiro trimestre de cada ano tende a apresentar resultados líquidos mais favoráveis”, afirma o relatório.
O estudo na íntegra está disponível no site do IESS. Clique aqui e acesse.
Fonte: Saúde Business